Em luto pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro

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O DOLOROSO ADEUS AO MUSEU NACIONAL

Quem teve o prazer de visitar o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, sabe das riquezas que haviam lá.

O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1946, é a mais antiga instituição científica do Brasil, e, após 200 anos completados em 2018, deixou de ser o maior museu de história natural e antropológica da América Latina após um incêndio, que foi iniciado por volta das 19:30h, em 02 de setembro de 2018.

Fundado por Dom João VI em 6 de junho de 1818, sob a denominação de Museu Real, reunindo o acervo legado da antiga Casa de História Natural, popularmente chamada “Casa dos Pássaros”, criada em 1784 pelo Vice-Rei Dom Luís de Vasconcelos e Sousa, além de outras coleções de mineralogia e zoologia.

O museu localizado no interior do parque da Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, instalado no Palácio de São Cristóvão, serviu como residência da família real portuguesa de 1808 a 1821, abrigou a família imperial brasileira de 1822 a 1889 e sediou a primeira Assembléia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso do museu, em 1892.

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A criação do museu visava atender aos interesses de promoção do progresso sócio-econômico do país através da difusão da educação, da cultura e da ciência. Ainda no século XIX, sendo considerado o mais importante museu de seu gênero na América do Sul.

O Museu Nacional abrigava um vasto acervo com mais de 20 milhões de itens, englobando alguns dos mais relevantes registros da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como conjuntos amplamente diversificados de itens provenientes de diversas regiões do planeta, ou produzidos por povos e civilizações antigas. O acervo adquirido ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações, era subdividido em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia.

Até este último domingo, dia 02 de setembro de 2018, era a principal base para as pesquisas realizadas pelos departamentos acadêmicos do museu, que possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras e, desenvolve atividades em todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico.

Em 2 de setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções atingiu os três andares do prédio do Museu Nacional, destruindo a história e memória que eram conservados por tantos anos neste lugar repleto de riquezas e tão importante para a educação, ciência e cultura.

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FALTA DE VERBA E REFORMA

Apesar de sua importância histórica, o Museu Nacional também foi afetado pela crise financeira da UFRJ e estava funcionando com orçamento reduzido. Ainda neste ano, reportagens de TV denunciavam as negligências que estavam ocorrendo devido ao corte de verbas do governo federal. A situação chegou ao ponto de o museu anunciar uma “vaquinha virtual” para arrecadar recursos junto ao público para reabrir a sala mais importante do acervo, que já estava infestada por cupins, onde fica a instalação do dinossauro Dino Prata. A meta era chegar a R$ 100 mil.

Não se sabe o que deu início ao incêndio, que começou após o fechamento para os visitantes. A Polícia Civil abriu inquérito para investigação das causas do incêndio e repassará o caso para que seja conduzido pela Delegacia de Repressão a Crimes de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, da Polícia Federal, que irá apurar se o incêndio foi criminoso ou não.

O BRASIL EM LUTO EM PLENO MÊS DA INDEPENDÊNCIA

Em setembro, no dia 7 do ano de 1822, que Dom Pedro I proclamou, às margens do Rio Ipiranga, a Independência do Brasil. Parece ironia da vida, todo esse desastre acontecer a poucos dias de comemorarmos a Independência do Brasil.

A Educação, a Ciência e a Cultura estão em luto por esta perda imensurável, onde peças de descobertas muito antigas e descobertas recentes foram desfeitas em chamas. Grandes descobertas de cientistas que dedicaram suas vidas inteiras a trabalhos que se encontravam neste lugar, se transformaram em cinzas. É lamentável. Muito triste.

Estou em luto, juntamente com os demais professores, estudantes, cientistas e funcionários do museu, que se dedicavam para manter a nossa história viva e com todo o resto da população brasileira que, mais uma vez saiu perdendo. Estamos em luto, em memória da nossa Cultura, da nossa Ciência, da nossa Educação… Em memória das nossas memórias.

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Ilustração feita pelo cartunista Carlos Latuff e publicada em seu Twiiter: @LatuffCartoons


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